sexta-feira, abril 02, 2010

O cobertor e as bandeiras de Valença

Os recursos económicos do país são como um cobertor que, dia após dia, vai ficando cada vez mais curto. Quem deveria cuidar para que o cobertor não encolhesse, não o fez atempadamente. Agora o cobertor não tapa todo o corpo, mesmo que se queira, e o corpo é o país. E quando a cabeça que nos governa não tem juízo, o corpo é que paga.

É claro que quem gere os recursos também decide que partes do corpo deve tapar, e quais as partes a não cobrir. Mas parece continuar a não preocupar-se com a dimensão presente e futura do cobertor. Quem governa não cuida para que o cobertor ganhe dimensão. A sua única preocupação é tapar-se. Lisboa puxa então o cobertor para si e destapa as extremidades. São por isso as regiões fronteiriças que, primeiro começam por perder a cobertura, como é o caso do Minho raiano ou do interior do Alentejo e no Algarve. Os que moram em Valença, Elvas ou Vila Real de Santo António, para não referir outros lugares, periféricos para Lisboa, são cada vez mais abandonados pela capital e começam a servir-se dos equipamentos e infra-estruturas que funcionam no outro lado da fronteira. As mulheres raianas já dão à luz em Espanha e os minhotos vão ter de começar a tratar da sua saúde no país vizinho. No Algarve, os idosos de Vila Real de Santo António, recentemente, tiveram de ir tratar as suas cataratas a Cuba (mas não a do Alentejo).

A população de Valença, revoltada, vai colocar bandeiras espanholas nas janelas. É um mau sinal. Parece que a região onde nasceu o país é agora a região onde o país começa a morrer.

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