«A crise que Portugal atravessa é uma oportunidade para nos repensarmos
como País. Orgulhamo-nos da nossa história e queremos continuar a viver de
cabeça erguida. Durante muito tempo vivemos a ilusão do consumo fácil, o
Estado gastou e desperdiçou demasiados recursos, endividámo-nos muito para lá
do que era razoável e chegámos a uma “situação explosiva”, como lhe chamei há
precisamente dois anos, quando adverti os Portugueses para os riscos que
estávamos a correr. Agora temos de seguir um rumo diferente, temos de
mudar de vida e construir uma economia saudável. Somos todos responsáveis. Esta é a hora em que todos os
portugueses são chamados a dar o seu melhor para ajudar Portugal a vencer as
dificuldades. Trabalhando mais e apostando na qualidade, combatendo os
desperdícios, preferindo os produtos nacionais. Deixando de lado os egoísmos, a
ideia do lucro fácil e o desrespeito pelos outros. Nenhum Português está dispensado deste combate pelo futuro do seu País.»
O Presidente convoca-nos para o
combate pelo futuro do País, dizendo-nos que “somos todos responsáveis”. Somos
todos responsáveis?! Nem somos todos responsáveis e entre os responsáveis,
alguns são mais responsáveis do que outros. Esta atribuição da responsabilidade
a todos os cidadãos é uma forma de diluir a responsabilidade, desresponsabilizando,
dessa forma, os verdadeiros responsáveis: os timoneiros que, ao longo dos anos,
nos conduziram até aqui.[1]
Uma auditoria à dívida serviria para
apurar as responsabilidades da situação a que chegámos e por isso alguns
cidadãos defendem-na. Mas, à parte do apuramento das responsabilidades, a
verdade é que Portugal se encontra em apuros, pelo que o empenho de todos os portugueses no combate pela salvação do País, se sobrepõe à questão
do apuramento das responsabilidades. Por outras palavras: se um navio está a
meter água, é melhor que os tripulantes se concentrem no escoamento da água, em
vez de perseguirem pelo convés os responsáveis pelo rombo.
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Nota: [1] acerca dos responsáveis pelo “rombo”, este gráfico do blogue Douta Ignorância é muito interessante.
Por a culpa não ser nossa, devemos agir. Para mim passa por um janeiro sem dinheiro. Ou seja, dia 16 e 17 de janeiro todos levantamos o dinheiro dos bancos. Porque não tentar?
ResponderEliminarhttp://fusivelativo.blogspot.com/2012/01/16-e-17-de-janeiro-nao-ha-dinheiro.html