quarta-feira, novembro 07, 2012

"Play it again" Obama, but...

(imagem da CNN)

(imagem da CNN)

Obama venceu. É sinal para dizer “play it again” Obama, mais quatro anos na Casablanca. Antes ele que Mitt Romney. Mas não nos esquecemos da posição de Obama em relação à proposta francesa de aplicação da taxa Tobin a nível global, que aqui denunciámos. Não nos esquecemos também, que nos EUA e durante o seu mandato, a classe média americana (85% da população americana, como bem nos lembra a jornalista Márcia Rodrigues, numa excelente peça) foi cada vez mais espremida nos seus rendimentos, ao mesmo tempo que Wall Street prosperava.

Mas não nos deixa de surpreender a fragilidade do discurso do movimento Occupy Wall Street: o tal discurso do “nós, os oprimidos, somos 99% e vocês os super-ricos, que nos oprimem, apenas 1%”, quando verificamos que, afinal, tal balanço não se reflecte na distribuição dos votos entre os candidatos. Obama consegue cerca de 59 500 000 votos (52%) e Romney cerca de 57 000 000 de votos (48%). Então o “nós somos os 99% e vocês o 1%”, reflecte-se nisto? É certo que a propaganda eleitoral americana, em particular a conservadora, é poderosa. Mas será ela a responsável pela traição e ludíbrio de muitos dos que dizem pertencer aos 99%, e que afinal, foram votar no candidato claramente pró-Wall Street?

Sabemos que o partido de Wall Street joga em dois tabuleiros, não somos ingénuos, mas era nítido que um dos candidatos – Mitt Romney - era claramente o candidato pró-Wall Street, um conservador super-rico, um accionista de muitas empresas, envolvido com o mercado financeiro. Pelos vistos, parece que entre os que dizem pertencer aos 99% há muitos que defendem, por equívoco ou convicção, os tubarões de Wall Street.

O Presidente dos EUA e também, é bom lembrá-lo, Prémio Nobel da Paz, é um homem poderoso, mas não tão poderoso assim. O seu poder acaba onde começa o poder de Wall Street, o poder dos Conservadores, que mantiveram a Câmara dos Representantes, o poder do Tea Party, o poder dos 1%... que não é só 1%.

O Presidente dos EUA, assim como os presidentes de todos os outros Estados, são cada vez menos poderosos. O poder está cada vez mais noutro lado, e não é no lado da democracia.

Etiquetas