domingo, janeiro 27, 2013

Uma boa notícia da semana passada, que não nos passou despercebida

De acordo com uma notícia do Público, a taxa Tobin “pode entrar em vigor para 11 países da U.E.”, um dos quais Portugal. Lamenta-se porém que nos encontremos ainda no campo das possibilidades, como bem evidencia a notícia (aqui os destaques a negrito são nossos). É também evidente a falta de coragem, que se manifesta através de adiamentos, hesitações e descoordenações – “o comissário europeu da Fiscalidade afirmou já que não espera que o imposto entre em vigor ao nível dos 11 países da cooperação reforçada antes de 2014”. Ora, quando se trata de taxar o capital financeiro, parece que todas as cautelas são poucas, já quando se trata de taxar o trabalho, é fartar vilanagem.


Vamos então estar atentos à coragem do governo português, e ver se faz aquilo que pode. Mas não sejamos ingénuos: neste caso, e com esta gente, é ver para crer, como dizia São Tomé.

Não deixa contudo de ser uma boa notícia, uma vez que “a chanceler alemã, Angela Merkel, sugeriu em Outubro que as receitas sejam usadas para financiar países em dificuldade.” E Portugal é um deles.


Suspeitamos que não é por acaso a birra de Cameron, que avançou com a possibilidade de um referendo à presença do Reino Unido na U.E. Afinal, nesse país é a City que fala mais alto, e Cameron está ao seu serviço. Ele que se aliara a Obama contra a aplicação da taxa Tobin a uma escala global, como referimos aqui em Novembro de 2011. Na verdade, a eficácia da aplicação desta taxa é tanto maior quanto maior for o número de países abrangidos pela sua aplicação. Se for aplicada apenas num conjunto restrito de países, o capital financeiro encontra sempre outros espaços para onde fugir ou dirige-se para os famosos paraísos fiscais. Obama e Cameron têm-se oposto à aplicação da taxa Tobin nos seus países e em todo o mundo, colocando-se, dessa forma ao lado do capital financeiro. Revelam assim o seu verdadeiro rosto e os limites do seu poder, que termina onde o poder do capital financeiro começa.

Ainda assim, parece que aos poucos se vai materializando uma divisão entre o eixo City-Wall Street e a Zona Euro. Até aqui o eixo City-Wall Street tem imposto a sua lei e a Zona Euro tem hesitado, demorando a reagir. Aguardemos então as cenas dos próximos capítulos, mas ao modo de São Tomé.

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