O mundo está estranho. Não se conseguem
vislumbrar sinais do que poderá estar para lá do horizonte imediato e do que está em
aproximação. Não se consegue perceber o que se avizinha. Recordo que há um
século atrás, na Europa, os impérios se armavam para uma guerra anunciada e estupidamente
desejada. Marchou-se alegremente para a primeira guerra total da Era industrial,
onde toda a glória da guerra romântica se apagou, para surpresa dos que, na pior
das hipóteses, consideravam vir a ter uma morte gloriosa. Morreram na lama,
gaseados e metralhados a grande distância. Foi a gloriosa guerra da metralhadora
Maxim, uma máquina de matar. Produziu-se a morte em quantidades industriais,
como manda a lei industrial das economias de escala – por cada morte produzida
baixavam os custos médios de produção de morte.
Estamos longe desse tempo. Pelo
menos assim parece. Hoje a guerra é financeira e económica e os territórios conquistados,
com os seus povos, querem-se incólumes, até porque já se percebeu que não
teriam qualquer préstimo se fossem destruídos. Da guerra romântica, à guerra
industrial e desta à guerra silenciosa, eis ao que chegámos. Uma guerra que se
imiscui insidiosa, que nos toma de surpresa, e um dia quando acordamos, perplexos
constatamos que fomos conquistados, que nos tornámos um protectorado de um qualquer
império de um imperador sem rosto. Um imperador que domina vastos territórios e
o destino de povos inteiros, só com o poder de especular em Wall Street e em todas as bolsas da
Terra. Um imperador especulador que lança agora o seu olhar cobiçoso aos commons (bens comuns) dos povos e aos
recursos naturais do planeta.
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