segunda-feira, julho 27, 2015

Trump e a sua muralha


Disse que construiria uma muralha impenetrável, colossal, a todo o comprimento da fronteira entre os EUA e o México. Três mil cento e quarenta e cinco quilómetros, do Golfo de México ao Pacífico! Quer impedir a entrada de migrantes e refugiados nas terras do sonho americano. A terra dos imigrantes. Eles que sonhem mas não ousem pisar a terra do Tio Sam. Ele já não os quer. Sonhos americanos são para os americanos. Nem os desertos de Sonora e do Mojave, onde muitos já se perdem, lhe bastam. Venha a muralha. Saberá Trump que não foi assim que a América se fez?

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Na Fortaleza Europa há também quem já construa muros internos, a acrescer ao fosso do Mediterrâneo, e os australianos protegem-se atrás dos seus fossos oceânicos e das suas leis restritivas à imigração.

Curiosamente os civilizadíssimos povos, pais e filhos da globalização, os que deram a conhecer novos mundos ao mundo, agem agora como se a globalização - esta globalização - fosse uma criatura que lhes escapou ao controlo e em pânico erigem já muros e cavam fossos. Tarde demais.

É uma ironia: a Era global, onde tudo é impelido a circular em torno do planeta inteiro – pessoas, mercadorias, capital, informação – está a dar lugar a uma Era de muralhas e fossos.

Caminhamos a passos largos para a Idade Média Global.

Disse um dia o Papa Francisco – é um Papa Pop, sim senhor, mas é o nosso Papa - que estamos perante a globalização da indiferença…É pior do que isso. Não são indiferentes os que apoiam a construção de muros e fossos em torno de fortalezas à escala continental (tal como não são indiferentes os que dão refúgio aos que fogem da fome, da guerra e da miséria, diga-se de passagem).

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