sábado, janeiro 02, 2016

O "pragmatismo"

No Conselho da Diáspora Portuguesa, Cavaco Silva sublinhou que o pragmatismo tem dominado as decisões dos governos da União Europeia face a uma realidade que se impõe às governações ideológicas. Na verdade trata-se de uma realidade que se impõe à própria democracia. O “pragmatismo” de que fala o presidente faz lembrar o do presidente Benes que, em 1938, para poupar o seu povo à guerra e ao sofrimento, foi forçado a ser pragmático ao ter de abrir as fronteiras da Checoslováquia à invasão dos nazis.

O “pragmatismo” de que fala Cavaco Silva é a única escolha que resta aos governos da União Europeia face ao poder avassalador dos mercados. E ai do governo que rejeite esse “pragmatismo”. Será forçado a ser "pragmático". Até os mais rebeldes, como o governo grego liderado por Tsipras, tiveram de atalhar caminho, aprendendo rapidamente a serem “pragmáticos”. Hoje a democracia na Europa está ferida. Às democracias europeias e aos povos da Europa resta apenas o “pragmatismo” da ideologia do mercado, o único caminho, a única via, a única alternativa. Outros poderes se erguem já, na determinação do destino dos povos, que não obedecem à sua livre escolha democrática. Poderes que alguns divinizam, mas que estão longe de ser divinos.

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